Provérbios Provados noutras casas:

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Provérbio que começa com uma promessa

Prometeu-lhe desde o início que se separava da mulher, era só até os miúdos serem mais crescidinhos, e depois é que ia ser!, com o anel no dedo e apresentada à família, mundos e fundos, o Sol e a Lua. Passaram-se dois anos e meio nisto e começou a impacientar-se, o Zé do Talho a enviar-lhe sinais, a convidá-la para jantar para lhe poder aparecer noutra roupa mais composta e limpa; a mulher do outro a desconfiar, a fazer-lhe birrinhas, ameaças parvas, chantagens com os putos pelo meio. Foi então que ele lá tomou uma atitude. Não ainda o anel, que promessas só as de Cristo, já se sabe. Primeiro montou-lhe uma loja em Espanha e em seguida alugou-lhe apartamento. Dali de Badajoz era um pulinho à fronteira e assim afastava-se o touro da arena. Mas com o passar do tempo foi deixando de a visitar, os filhos cresceram, acabaram o liceu, e o anel permanecia no dedo da outra. Um dia não apareceu mais, ela já não precisava do dinheiro dele, a loja prosperava. Toda a vida desejara ter uma loja em Espanha e olhava orgulhosa as letras pintadas na montra: “Paula Decorações”, assim mesmo, que os clientes tanto eram portugueses como espanhóis. Até já tinha uma empregada para a ajudar, era finalmente patroa.


- Vão-se os anéis, ficam-se os dedos

2 comentários:

anarresti disse...

gosto dessa maneira concisa, ágil e colorida de contar uma história. depois da última linha, as personagens ainda ficam em eco, a viver na imaginação. abraço.

Margarida Batista disse...

Concisa sim, às vezes as histórias não têm lá muito por onde se pegue... eeheheh

Abraços apertados