Provérbios Provados noutras casas:

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Provérbio das mil e uma noites

Esta história das Arábias deu-se ao tempo que se contavam as noites em luas e por isso não se sabe dizer em qual das mil e uma ocorreu. Tem por herói Ali-Bábá e a célebre frase que ficou para os anais das histórias.

Já o sol dava a volta para Poente, quando Ali-Bábá deu voz de partida à caravana. Dos quarenta ladrões já muitos tinham ficado pelo caminho, no último oásis perdera mais cinco. Chegados ali haviam feito uma pausa para as orações mas, depois do desdobrar dos tapetes que não voavam, alguns viravam as costas a Meca e sucumbiam aos prazeres terrenos. Ficaram satisfeitos os restantes, pois assim sobravam camelos e beneficiavam do conforto de mais bossas, e foi tal o disputar de lugares que se perdeu na confusão uma arca do tesouro. Fartos de comer areia pelo caminho, só chegados ao destino fizeram a contagem das arcas e deram pela falta, por isso são também recordados como os “salteadores da arca perdida”.
Só Ali-Bábá conhecia o trilho que ia dar à caverna secreta onde escondiam os seus tesouros; era um homem que guardava os seus mistérios e mantinha desconhecida de todos a sua veia poética. Ali iluminado pela lua, olhou para uma saliência na rocha e imaginou-a abrindo-se docemente como a cápsula de uma semente de sésamo; então, saiu-lhe a metáfora em exclamação:
- Abre-te, sésamo!
Ao verem destapar-se uma porta para lhes dar passagem, os ladrões desceram dos camelos e entreolharam-se aterrados: semsen? Lá ilá ilá Alá!, dado que as únicas sementes amareladas que transportavam escondidas não serviam para comer e viriam até a ser proibidas mil e um anos depois noutros desertos do mundo. Vendo-os assustados, Ali-Bábá convidou-os a entrar com um sorriso sereno e, encorajado pelo soar de latidos ao longe, brindou-os com mais uma metáfora digna de papiro:

- Os cães ladram e a caravana passa

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